terça-feira, 19 de julho de 2011

O Estado pode. Nós...

Não faz muito tempo que saímos de um estado de autoritarismo (ditadura decorrente do golpe militar de 31 de março de 1964) para um estado democrático, com liberdade de ideias e de expressão. Isso foi muito bom.
Mas o estado continua com frequentes intervenções na liberdade e nos direitos individuais dos cidadãos. Quase não se observa isso, mas é fato. A revista VEJA publicou uma entrevista, nas suas famosas páginas amarelas, edição de 11 de maio deste ano, com o filósofo gaúcho Denis Lerrer Rosenfield, que faz uma boa análise dessas contradições nas democracias modernas, especialmente no Brasil. Se você não leu, pode ler e tirar suas conclusões. Aproveito para dar uma dica: na página da revista veja você encontra um link chamado "acervo digital" no qual pode-se ler todas as edições da revista, desde a primeira em 1968. Confira o acervo: http://veja.abril.com.br/acervodigital/home.aspx.
Só para dar um exemplo, diz o filósofo: "Nenhuma pessoa pode ser forçada a ser rica ou saudável, contra a própria vontade. Se alguém decide fumar ou beber, isso é um problema dessa pessoa, não do estado".
Tudo isso é para relatar um fato que me aconteceu semana passada e que me deixou, digamos, um tanto insatisfeito e dois tantos revoltado e indignado.
O governo controla a economia, coíbe o aumento de preços e a aplicação de juros abusivos. Isto é ótimo e seria melhor se ele chicoteasse o próprio lombo, mas isso ele não faz. Suas Instituições estão livres desse controle. Mas vamos ao fato.
Na semana passada, ocorreu o vencimento do licenciamento do meu automóvel, ou seja, o dia de pagar o IPVA do meu carro com desconto, segundo eles. Infelizmente, só me lembrei quando já estava no aconchego do meu lar, tentando adormecer para um merecido repouso depois de um árduo dia de labuta. Pensei: - Lá se foram meus dez por cento. No dia seguinte, apressei-me em chegar ao DETRAN, no Shopping mais próximo, para pagar pelo erro da minha falta de memória. Gentilmente o funcionário me atendeu e de imediato emitiu uma segunda via que poderia ser paga no, e somente no, BANESE (isso é para não dar "comissão" para outros bancos). Foi aí que me veio aquele sentimento misto de raiva, indignação, impotência, revolta etc, etc, etc. Minha conta aumentou quase R$ 130,00 de um dia para o outro.

Isto representou mais de 20%. Ou seja, por um dia perdi 10% de desconto e paguei mais de outros 10% de multa ou de castigo pelo esquecimento. E o pior. Esse aumento foi só na parte do governo. O IPVA subiu mais de 15% e a taxa de licenciamento, pasmem, mais de 80%. O seguro obrigatório, que não vai para os cofres públicos, não aumentou nadinha de nada. Importante: se o meu vencimento é em julho, só estaria irregular em setembro se não houvesse pago dentro do mês. Só poderia ser multado em setembro. Dedução: paguei  com multa e juros exorbitantes pelo que ainda não devia.
É isso aí! O governo pode, nós...

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