sábado, 24 de julho de 2010

Política, cordel e cultura

Não sou político. Será???
Todos o somos. Ou não???
Recebi essa poesia em cordel, pelo meu correio eletrônico, e gostei muito. Gostei muito do estilo, da obra em si, aliás sempre fui um fã dessa forma poética tão nordestina, tão raiz. É um tipo de arte que se pode, verdadeiramente, afirmar de inspiração divina pois vem, quase sempre, de pessoas simples, sem estudo, sem cultura formal.
Mas não gostei da idéia porquanto conheço bem o emissário...

UM "PAC" COM A DILMA?

Cordel de Miguelzim de Princesa, direto do Cariri.


Quando vi Dilma Roussef
Sair na televisão
Com o rosto renovado
Após uma operação
Senti que o poder transforma:
Avestruz vira pavão.

De repente ela virou
Namorada do Brasil:
Os políticos, quando a vêem
Começam a soltar psiu
Pensando em 2010
E em bilhões que ela pariu.

A mulher que era emburrada
Anda agora sorridente
Acenando para o povo
Alegre mostrando o dente
E os baba-ovos gritando:
É Dilma pra presidente!

Mas eu sei que o olho grande
Está mesmo é nos bilhões
Que Lula botou no PAC
Pensando nas eleições
E mandou Dilma gastar
Sobretudo nos grotões.

Senadores garanhões
Sedutores de donzelas
E deputados gulosos
Caçadores de gazelas
Enjoaram das modelos
Só querem casar com ela.

Também quero uma lasquinha,
Um pedaço de poder,
Quero olhar nos olhos dela
E, ternamente, dizer
Que mais bonita que ela
Mulher nenhuma há de ser.

Eu já vi um deputado
Dizendo no Cariri
que Dilma é linda e charmosa,
igual não existe aqui,
e é capaz de ser mais bela
que a Angelina Jolie,

Diz que pisa devagar,
que tem jeito angelical
nunca gritou com ninguém
nem fez assédio moral,
nem correu atrás de gente
com um pedaço de pau...

Dilma superpoderosa:
8 bilhões pra gastar
Do jeito que ela quiser
Da forma que ela mandar!
(Sem contar com o milhão
Do cofre do Adhemar.)

Estou com ela e não abro:
Viro abridor de cancela
Topo matar jararaca
Apago fogo em goela
Para no ano vindouro...
Fazer...um PAC com ela?".
DEUS nos livre!

...e resolvi respostar.
Não deixei por menos. Não sou político partidário, desses afiliados a partidos, desses “de carteirinha”, embora tenha lá minhas predileções. Essas ditas predileções têm estado bem mais esmaecidas nos últimos tempos pela cumulação de decepções, mas não quero voltar ao passado. Busquei minhas origens alencarinas e dei a resposta no mesmo estilo:

Ruim por ruim...


Recebi muito contente
O imei de vosmecê,
Falando da nossa Dilma
E do que pode acontecer,
Mas pode ser pió cum Serra
Que é cria de FHC.

Se fô pelo zôio grande
O do Serra é bem maió,
E já passou pelas tetas
Mamando de faze dó.
Inventô um tá genérico
Que o preço nem é tão bom
E o efeito é bem pió.

Se ocê for confiar
Nos povo de lá de cima,
Vai se decepcionar
Pois tudo é da mesma sina,
Só quere é incher os bolso
E esbarrotar a tina.
Só Deus é de confiança,
O resto é tudo lambança
Pra ir explorar a MINA.


Eu vô votar na Marina
Uma descente menina
Que vei das bandas do norte,
Se ela vir a ganhar,
E seu papo num mudar,
Isto vai ser nossa sorte

Mas penso com muita cisma
Que no tal turno segundo
Ela num vai disputar,
Aí de certo que a Dilma,
Na copa dos pió do mundo
No jogo dos menos pió,
A taça vai levantá.

Geraldim do Ceará
Cordelista esporádico

Aqui não trago nenhuma conotação eleitoral, é mais humor.
Pensar é livre;
Votar é obrigatório;
Mas, opções são várias... até nulo ou branco.
Pense!!

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Brasil: Nação ou Time?


O quadriênio é um período marcante na história da civilização. Principalmente nos tempos modernos e contemporâneos, muitas de nossas atividades são desenvolvidas, via de regra, nesse lapso temporal.

Os mandatos políticos, não só no Brasil, são quase sempre limitados a esse tempo. Deputados estaduais e federais, vereadores, prefeitos e governadores e, ainda, os presidentes da República são eleitos para um mandato de quatro anos sendo que os cargos executivos podem ser reeleitos por mais quatro e os senadores já são eleitos para um mandato de oito anos que não é nada mais do que duas vezes quatro.

Até o movimento orbital da terra é ajustado de quatro em quatro anos, com o chamado ano bissexto, para compensar o excedente de seis horas que ocorre no nosso movimento de translação.

As nossas competições esportivas são anuais, bienais ou quadrienais. As duas mais importantes do planeta ocorrem de quatro em quatro anos e são as Olimpíadas e o torneio mundial de futebol conhecido como copa do mundo.

Nesta, o Brasil se sobressaiu desde 1958 quando foi campeão pela primeira vez com a estréia do nosso Pelé, que seria depois coroado mundialmente como o Rei do Futebol. Sucederam-se as vitórias em 1962, 1970, 1994 e 2002 tornando-se pentacampeão mundial de futebol, único, seguido pela Itália com quatro vitórias, Alemanha com três, Uruguai e Argentina com duas vitórias cada e, finalmente, a Inglaterra e a França que se sagraram campeãs apenas uma vez. Esta importante competição iniciou-se em 1930 idealizada pelo francês Jules Rimet, não acontecendo apenas nos anos de 1942 e 1946 por causa do grande conflito mundial ocorrido naquele período.

Nessa seqüência quadrienal, vemos um país com um intenso fulgor verde e amarelo estampado em todos os cantos: praças, ruas, residências, casas comerciais, carros e corpos. Neste ano, mais uma vez todos se vestem do orgulho das cinco estrelas douradas do penta e do verde da esperança para o hexa. Os barulhentos fogos, já tão comuns no nordeste nestes tempos de festejos juninos, são agora multiplicados na ansiedade da espera antes da peleja, no seu decorrer, pelos gols ou grandes lances de nossos craques e no pós jogo pela felicidade da vitória e da classificação.

Das "oitavas" em diante, a festa pode acabar a qualquer momento. Mas o que se espera é a conquista do hexa na grande final. Afogar-se ou morrer na praia não é objetivo de ninguém com o juízo no lugar.

Mas, e se perder? Acabou? Vamos esperar para daqui a quatro anos, recolhidos e tristes?

Perdendo ou ganhando a festa não dura muito. Logo logo as bandeiras são recolhidas e as roupas voltam aos armários. O verde e amarelo desaparece e a vida, aos poucos, retoma a sua rotina.

E perdeu.

O verde e amarelo perdeu para o laranja. Os holandeses que nunca ganharam uma copa derrotaram os pentacampeões. A tristeza invadiu o coração de muitos e as lágrimas escorregaram dos olhos de outros tantos mais apaixonados e mais emotivos.

E agora??

Agora continuamos os mesmos; continuamos semelhantes aos semelhantes. Perderam também a França, a Inglaterra, a Itália e até a Argentina. Os donos da casa sairam todos. Não temos que ser os melhores nesse quesito e sempre. Há outros quesitos a serem julgados.

Agora, continue vestindo o seu verde e amarelo, ou o azul e o branco do pavilhão nacional; cole no seu carro um adesivo da bandeira; cante o nosso hino. Fale e orgulhe-se do Brasil, esse Pais emergente, essa nação de raça miscigenada, mas de raça; esse povo sofrido e explorado, mas cheio de esperança porque, afinal, somos de cada dia e não de cada quadriênio; somos o país do hoje e do amanhã, do agora e do futuro; somos uma nação que crê, que trabalha, que espera; somos a nação Brasil, não um simples time de futebol.