quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A Casa Caiada

A casa caiada caíra, coitada, de vara quebrada, parede rachada, de telha partida, e a dona parada, na porta de entrada ficara espantada: seria verdade que a casa caiada tivera caído? Não mais serviria pra dar-lhe guarida? Os filhos nasceram na casa caiada, na casa criara, de si os rebentos, porvir sofrimento, viera o alento de filhos criados, prantos derramados, fortaleza tivera, vencendo a pobreza, com brio e nobreza, da vida a beleza, soubera esperar, e filhos criados, vencera, pensara, a casa servira e mais serviria pra dar-lhe guarida no fim dessa vida. A casa caiada se antecipara, sua vida se expira, e a dona coitada, já velha alquebrada, que filhos criara, na vida sofrida, na casa caiada agora caída, carece de amparo, na casa daqueles que aquela criara. Será que amparo haverá  para aquela, que casa tivera e nela criara, com dor sofrimento, a cada rebento, que de si saíra, com amor e rigor, que exige a pobreza, e jaz com nobreza, a espera do amparo, na porta da casa, caiada e caída, que dela guarida não pode esperar, e espera que filho que pobre criara, guarida ofereça pra aquela que agora, a casa caida não pode amparar.
Novembro/2010
Geraldo Freitas Souza