quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Uma gota de cultura - Camões


Luís Vaz de Camões, poeta português, é autor de Os Lusíadas, um grande poema épico (tem mais de mil estrofes), em que mistura relatos de navegantes, como Vasco da Gama, a episódios recheados de aventuras misteriosas.

Ninguém sabe precisar o ano nem a cidade em que nasceu Camões. Há relatos que deve ter nascido em 1524 ou 1525. É certo que, em 1542, ele morava em Lisboa e freqüentava palácios, sendo muito bem aceito pela Corte.
Além de grande poeta, foi também um grande guerreiro. Perdeu um dos olhos, o direito, lutando no norte da África.

Depois de alguns problemas, pelo seu temperamento impetuoso, foi preso, tendo vivido miseravelmente na costa de Moçambique ajudado por amigos. Outro fato conhecido de sua vida foi o naufrágio que sofreu em viagem pelas costas chinesas, próximas do atual Vietnã, do qual se salvou a nado com os manuscritos de “Os Lusíadas” já bastante adiantados. Voltou para a sua terra em 1572, onde conseguiu publicar sua obra maior, e morreu em 1580, pobre e abandonado. Sua obra, contudo, foi um legado de valor incalculável para a literatura mundial e para a humanidade.
Além de “Os Lusíadas”, Camões escreveu muitos sonetos. Juntamente com Dante e Shakespeare, só para citar esses com os mais importantes, foi mestre dessa forma poética que existe há quase 700 anos sem alterações.
Soneto é uma poesia composta de 14 versos, dispostos em quatro estrofes sendo duas de quatro e duas de três versos. O Soneto resistiu ao tempo e às transformações literárias e foi cultivado por românticos, parnasianos e simbolistas.
No Brasil, mestres como Manuel Botelho de Oliveira e Cláudio Manuel da Costa compuseram nesta modalidade poética. Mais recentemente, Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira e, depois, Vinícius de Morais foram sonetistas de qualidade irrefutável.

De presente, deleitemo-nos com duas pérolas de Camões as quais ressaltam o amor e a saudade:

                       1
Amor é um fogo que arde sem se ver;
é ferida que dói e não se sente;
é um contentamento descontente;
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade
se tão contrário a si é o mesmo amor?

                         2
Alma minha gentil, que te partiste
tão cedo desta vida, descontente,
repousa lá no céu eternamente,
e viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,
memória desta vida se consente,
não te esqueças daquele amor ardente
que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
alguma cousa a dor que me ficou
da mágoa, sem remédio, de perder-te,

roga a Deus, que teus anos encurtou,
que tão cedo de cá me leve a ver-te,
quão cedo de meus olhos te levou.

Os Lusíadas - Texto Completo

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