segunda-feira, 2 de novembro de 2009

PRO(grama)PAGANDA DE TV

As Empresas querem vender para ganhar dinheiro e para isso precisam divulgar seus produtos. Os meios de comunicação são os canais competentes e ideais para tal.
A televisão precisa sobreviver e esse é o seu meio de sobrevivência. Todos os programas têm propagandas embutidas realizadas pelos seus apresentadores que quando acabam de fazer o comercial dizem: "agora vamos para os nossos comerciais e voltamos já já, não saia daí".


A Televisão brasileira assim como a de outros países, além dos demais meios de comunicação, é mantida pelas propagandas que são veiculadas nos chamados intervalos comerciais. Nisto não há nenhuma novidade.
Para quem já passou dos cinquenta, como eu, e acompanha a televisão desde os idos da famosa TV TUPI, pioneira no Brasil, sabe que é assim que funcionam as coisas no mundo capitalista.
As Empresas querem vender para ganhar dinheiro e para isso precisam divulgar seus produtos. Os meios de comunicação são os canais competentes e ideais para tal. Daí, durante a programação se insere espaços, interrompendo o programa, e neles as propagandas que informam aos telespectadores as melhores lojas, com os melhores produtos e os menores preços. Ótimo. Dessa forma podemos comparar preços e qualidades e adquirir aquilo que melhor se enquadra em nosso padrão de exigência e mais cabe confortavelmente em nosso bolso.
Essa é a teoria que nem sempre corresponde à prática.
Muitas e muitas vezes somos surpreendidos, ao irmos à loja, pela diferença ou pela inexistência do objeto propagado. E a propaganda que deveria ser a alma do negócio que realizaria o sonho do consumidor se torna o espírito de porco (nada contra os suínos) que transforma o sonho em pesadelo.
Mas, a televisão precisa sobreviver e esse é o seu meio de sobrevivência. À emissora não pode ser atribuída a culpa pela inveracidade da propaganda, e para coibir tal prática são editadas leis de proteção aos direitos do consumidor que querendo usufruí-los faz-se mister a busca desses direitos por todos os meios legalmente admissíveis.
Destarte, não cabendo culpa à televisão pala qualidade ou veracidade daquilo que é veiculado como propaganda, caber-lhe-ia, pelo menos, além de uma programação de boa qualidade cultural, educativa e de entretenimento, primar por intervalos reduzidos com comerciais bem elaborados que, além de atingir os desejos da mente, satisfizessem os prazeres da visão.
Mas nem sempre é assim. Existem bons programas e ótimos comerciais, não se pode negar. Há reclames que são verdadeiras obras de arte, que embevecem, pelos olhos, a alma do telespectador.
Mas a ganância não aceita limites. Os intervalos comerciais, por vezes ou quase sempre são longos e maçantes. Sem falar de quando as peças são de mau gosto e repetidas dentro do mesmo intervalo.
Isso força a uma mudança de canal na busca de coisa melhor.
Como se não bastasse, de tempos para cá, admitiu-se a prática constante de propagandas fora do intervalo comercial, ou seja, dentro do programa. Os famosos apresentadores e apresentadoras transformaram-se em "garotos e garotas propaganda". Quem não já ouviu a frase: "agora eu tenho um recadinho para você..."? E aí vêm as famosas receitas de produtos ou aparelhos milagrosos que emagrecem sem sacrifício, embelezam tornando as mulheres tão lindas quanto as modelos ou atrizes famosas, facilitam a vida da dona de casa, fazem nascer cabelos na cabeça dos carecas, trazem a cor original para os cabelos brancos dos velhinhos, etc, etc, etc.
Os tempos mudaram. O apresentador e mais conhecido animador de televisão brasileira, o Silvio Santos, foi o precursor dessa prática. O Sílvio, faz tempo, já fazia a propaganda de seus produtos dentro dos programas de auditório que apresentava. Com o uso bem-humorado de vinhetas e "jingles", divulgava os produtos de suas próprias empresas dentro de seus programas e era criticado por outros apresentadores. Um apresentador se prestar a fazer reclames...
Pois é. Hoje virou moda ou mania. Todos os programas têm propagandas embutidas realizadas pelos seus apresentadores que quando acabam de fazer o comercial dizem: "agora vamos para os nossos comerciais e voltamos já já, não saia daí". E quase sempre retornam com um novo "recadinho".
Não quero ser saudosista, mas preferia o tempo em que cada coisa estava em seu lugar. O programa no programa e propaganda no intervalo comercial. Tinha-se o direito de escolha. Agora, abusa-se da publicidade em todo o contexto da programação e contra esse abuso não há texto legal a que se possa recorrer. A única solução é mudar de canal, mas para onde iremos? Então desliguemos, de vez em quando, o televisor e busquemos outros meios de entretenimento e cultura.

novembro/2009
Geraldo Souza

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