quarta-feira, 7 de julho de 2010

Brasil: Nação ou Time?


O quadriênio é um período marcante na história da civilização. Principalmente nos tempos modernos e contemporâneos, muitas de nossas atividades são desenvolvidas, via de regra, nesse lapso temporal.

Os mandatos políticos, não só no Brasil, são quase sempre limitados a esse tempo. Deputados estaduais e federais, vereadores, prefeitos e governadores e, ainda, os presidentes da República são eleitos para um mandato de quatro anos sendo que os cargos executivos podem ser reeleitos por mais quatro e os senadores já são eleitos para um mandato de oito anos que não é nada mais do que duas vezes quatro.

Até o movimento orbital da terra é ajustado de quatro em quatro anos, com o chamado ano bissexto, para compensar o excedente de seis horas que ocorre no nosso movimento de translação.

As nossas competições esportivas são anuais, bienais ou quadrienais. As duas mais importantes do planeta ocorrem de quatro em quatro anos e são as Olimpíadas e o torneio mundial de futebol conhecido como copa do mundo.

Nesta, o Brasil se sobressaiu desde 1958 quando foi campeão pela primeira vez com a estréia do nosso Pelé, que seria depois coroado mundialmente como o Rei do Futebol. Sucederam-se as vitórias em 1962, 1970, 1994 e 2002 tornando-se pentacampeão mundial de futebol, único, seguido pela Itália com quatro vitórias, Alemanha com três, Uruguai e Argentina com duas vitórias cada e, finalmente, a Inglaterra e a França que se sagraram campeãs apenas uma vez. Esta importante competição iniciou-se em 1930 idealizada pelo francês Jules Rimet, não acontecendo apenas nos anos de 1942 e 1946 por causa do grande conflito mundial ocorrido naquele período.

Nessa seqüência quadrienal, vemos um país com um intenso fulgor verde e amarelo estampado em todos os cantos: praças, ruas, residências, casas comerciais, carros e corpos. Neste ano, mais uma vez todos se vestem do orgulho das cinco estrelas douradas do penta e do verde da esperança para o hexa. Os barulhentos fogos, já tão comuns no nordeste nestes tempos de festejos juninos, são agora multiplicados na ansiedade da espera antes da peleja, no seu decorrer, pelos gols ou grandes lances de nossos craques e no pós jogo pela felicidade da vitória e da classificação.

Das "oitavas" em diante, a festa pode acabar a qualquer momento. Mas o que se espera é a conquista do hexa na grande final. Afogar-se ou morrer na praia não é objetivo de ninguém com o juízo no lugar.

Mas, e se perder? Acabou? Vamos esperar para daqui a quatro anos, recolhidos e tristes?

Perdendo ou ganhando a festa não dura muito. Logo logo as bandeiras são recolhidas e as roupas voltam aos armários. O verde e amarelo desaparece e a vida, aos poucos, retoma a sua rotina.

E perdeu.

O verde e amarelo perdeu para o laranja. Os holandeses que nunca ganharam uma copa derrotaram os pentacampeões. A tristeza invadiu o coração de muitos e as lágrimas escorregaram dos olhos de outros tantos mais apaixonados e mais emotivos.

E agora??

Agora continuamos os mesmos; continuamos semelhantes aos semelhantes. Perderam também a França, a Inglaterra, a Itália e até a Argentina. Os donos da casa sairam todos. Não temos que ser os melhores nesse quesito e sempre. Há outros quesitos a serem julgados.

Agora, continue vestindo o seu verde e amarelo, ou o azul e o branco do pavilhão nacional; cole no seu carro um adesivo da bandeira; cante o nosso hino. Fale e orgulhe-se do Brasil, esse Pais emergente, essa nação de raça miscigenada, mas de raça; esse povo sofrido e explorado, mas cheio de esperança porque, afinal, somos de cada dia e não de cada quadriênio; somos o país do hoje e do amanhã, do agora e do futuro; somos uma nação que crê, que trabalha, que espera; somos a nação Brasil, não um simples time de futebol.

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