Faz tempo que não se ouve mais falar em heróis ou mártires. Só nos livros de história (e velhos) encontramos figuras que dedicaram suas vidas a uma causa, a um povo, à pátria.
Figuras como Tiradentes, o Joaquim José a quem, ouve-se dizer, até negam a proeza, mas não se pode negar o orgulho que deve ter um povo de possuir em seus anais tão majestoso herói cuja estampa lembra Jesus Cristo, o Redentor da humanidade para tantas nações crentes.
Outros, não martirizados, que suscitavam grande respeito e admiração pela postura com que se destacaram diante da Nação, dedicando-se integralmente a ela, honrando-a e defendendo-a. Figuras como Pedro I, de vida particular e amorosa atribulada mas que amou e defendeu a pátria que adotou como sua; como Pedro II que nos governou por 50 anos, homem de caráter inabalável; como José Bonifácio, como a Princesa Isabel – a Redentora – e tantas outras.
Em épocas mais recentes salientamos o Presidente (ditador) Getúlio Vargas que deixou legados como as leis trabalhistas e o salário mínimo (porém digno) e tirou a própria vida por motivos que, se não sabemos ao certo, podemos construí-los em nossas mentes, das mais variadas formas, mas nunca alicerçados em motivos espúrios.
Há, ainda, os “do contra” como Zumbi, Lampião, Conselheiro, e tantos outros que se rebelaram contra os padrões estabelecidos e impostos, lutando por ideais firmes que os levaram à morte.
De uns tempos para cá, nossos heróis e nossos mártires foram ficando para trás não só no tempo mas também nos livros e em nossas próprias mentes. E o que é pior, seus espaços foram ficando vazios; não surge ninguém com capacidade para substituí-los. Sobre eles, por vezes, a discussão é inócua: Tiradentes tinha ou não barbas longas? D. Pedro I era ou não mulherengo? Gostava ou não da Imperatriz? D. João VI comia muito frango e não gostava de tomar banho? E assim por diante.
E os nossos homens públicos atuais? Coitados. Cada um cuidando de si próprio e de seus próprios interesses. Seus ideais são limitados. Restringem-se aos interesses de suas empresas ou das empresas daqueles que lhes patrocinaram a campanha. São hipócritas. Com a mesma mão que afaga o pobre, lhe usurpa o dinheiro que lhe caberia, por direito, através de obras de caráter social. São heróis às avessas. Desacreditados, criticados, satirizados, escarnecidos. Mas têm sempre nas mãos o condão que os mantém no poder. São verdadeiros magos. Têm sempre uma carta na manga. Nunca perdem; mudam de partido e até de ideal como trocam de paletó. Ao invés de mártires, algozes. Ao invés de heróis, bandidos.
Que a nossa geração e as gerações futuras amem esta Pátria como dantes foi amada; que não a veja através da mancha escura dos nossos homens públicos de hoje, mas através de um sol de raios fúlgidos que ilumina os nossos anseios de liberdade e de soberania. Que das gerações presentes surjam novos heróis, e até mártires, cujas vidas sejam dedicadas à edificação de uma nova pátria, cada vez mais digna do orgulho de seu povo.
Pátria amada. Salve! Salve!
Geraldo Freitas Souza
Setembro/2009
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